Há alguns anos, nas faculdades de comunicação, era comum considerar a isenção moral em relação aos fatos como uma premissa essencial para o bom jornalismo. Mais do que apenas se ater à realidade, acreditava-se que a (o) jornalista ideal atingiria um estado de plena iluminação, onde seria capaz de se despir completamente de suas bagagens ideológicas e opiniões ao escrever. Dessa forma, teríamos uma (o) profissional cumprindo seu ofício sem deixar que suas convicções pessoais interferissem.
Embora pareça ser ideal, este conceito pode ser considerado utópico e, em certa medida, irrealista. Mas calma, a gente te explica o porquê, e o que isso tem a ver com autoconhecimento e liderança.
Suas bagagens e crenças pessoais são onipresentes, inclusive na liderança!
Ampliando a discussão da isenção a qualquer profissional, é improvável alcançarmos esta emancipação integral de quem somos quando atuamos profissionalmente. Somos seres marcados e adaptados a partir das nossas vivências e formações ético-morais, e assim nos relacionamos com as outras pessoas.
Encarando este pensamento sob a demanda da liderança, a discussão se apresenta para um mergulho dentro de si, a fim de não fazermos de nossas bagagens e de nossas concepções de mundo instrumentos enviesados no meio profissional.
Assim, o autoconhecimento deve se desdobrar não somente como uma ferramenta de autonomia individual — melhor eu me conheço, melhor eu me compreendo — mas também como uma competência essencial para uma liderança eficaz.
Consciente de si, eu reconheço, para além das minhas qualificações técnicas, o que trago para mesa de negociações e conexões quando cocrio com minhas lideradas e liderados.
A importância do autoconhecimento na liderança
Como afirmamos, reconhecer que a eficácia da liderança é medida não apenas por suas habilidades técnicas, mas também pela sua capacidade de conectar-se autenticamente com sua equipe aumenta, e muito, as possibilidades de sucesso. E para alcançar essa conexão genuína, o autoconhecimento é requisito básico.
O autoconhecimento é o processo contínuo de entender nossas emoções, valores, comportamentos e motivações. Além disso, por meio dessa reflexão interna, é possível compreender como nossa existência é percebida no mundo e qual é nosso lugar de privilégio na sociedade.
Precisamos nos conhecer para (re)conhecer a existência alheia além do que nos é familiar e confortável. O autoconhecimento não deve ser apenas um meio de afirmar nossa identidade, mas também uma ferramenta para compreender a diversidade de pessoas e pensamentos.
Posicionamos, assim, outra perspectiva do autoconhecimento, tal como declinamos do uso de ‘igualdade’ para ‘equidade’, por compreendermos que NÃO SOMOS TODOS IGUAIS, e que ações justas e dignas também têm que ser diversas para um acolhimento pleno.
Quando pensamos na velha ideia de igualdade reivindicada pela Revolução Francesa (Liberté, Égalité, Fraternité), estamos tratando da concepção de um sujeito universal delimitado como sendo branco, homem, cisgênero, heterossexual, de classe média, média-alta e de religiões tradicionais. Isto está longe de abranger a realidade. Mas bem, o aprofundamento deste tema é uma discussão para outra hora.
Vamos agora pensar Juntxs, o caminho do autoconhecimento para ampliar as competências do seu modo de liderar.
Conexão consigo mesmo antes de conectar-se com a equipe
Em nossos treinamentos aqui na Juntxs, utilizamos uma ferramenta chamada MBTI®, um meio para que as lideranças se sintam melhor preparadas ao gerir suas interações com as outras e outros, de maneira mais empática e eficaz.

O MBTI, ou Indicador Tipológico de Myers-Briggs em português, é um teste de personalidade baseado nas teorias de Carl Gustav Jung sobre os tipos psicológicos. Desenvolvido por Katherine Briggs e sua filha, Isabel Briggs Myers, com base no livro ‘Tipos de Personalidade’ de Jung, publicado em 1921, o teste classifica as pessoas em diferentes tipos de personalidade com base em suas preferências em quatro pares de opostos: extroversão/introversão, sensação/intuição, pensamento/sentimento e julgamento/percepção.
Na Juntxs, fazemos este caminho do autoconhecimento, provocando reflexões e gerando insights sobre quem é você, sua forma espontânea e natural de pensar e agir. A ferramenta MBTI® é uma das mais eficazes para isso. Uma vez que você descobrir a sua essência, ficará cada vez mais fácil percebê-la no dia a dia. E quanto mais você a reconhece, mais confortável fica.
E por que esse movimento é essencial no mundo corporativo? Porque uma liderança que não investe tempo em conhecer e compreender suas próprias emoções encontrará dificuldades para se conectar autenticamente com sua equipe. A autopercepção permite que reconheça seus pontos fortes e áreas de melhoria, auxiliando em uma comunicação mais eficaz e não violenta, mediando a criação de um ambiente de confiança mútua.
Construindo confiança e relacionamentos sólidos
CONFIANÇA É A BASE DE TUDO! A frase é popular e também se aplica aos relacionamentos profissionais. Lideranças que possuem e demonstram um nível avançado de autoconhecimento transmitem confiança e segurança para sua equipe. Sem a gestão do autoconhecimento, tendemos a apontar em outras e outros as falhas que encontramos em nós mesmos. O autoconhecimento pode aumentar a capacidade da liderança de assumir a corresponsabilidade por erros e pontos de melhoria. A liderança que se conhece olha para sua conduta antes de guiar e cobrar.
Em sintonia com suas emoções e comportamentos, as lideranças podem abordar os desafios com uma perspectiva equilibrada e transparente. Isso, por sua vez, inspira confiança nas pessoas ao seu redor, promovendo um ambiente de trabalho inclusivo, empático e colaborativo.
O autoconhecimento das lideranças impacta a performance das empresas?
Sim, e muito! Sem a confiança e a conexão emocional com a equipe, geradas também pelo autoconhecimento, as lideranças enfrentam barreiras significativas para alcançar resultados efetivos. O autoconhecimento não apenas facilita essa conexão, mas também melhora a tomada de decisões, a resolução de conflitos e a motivação da equipe.
Lideranças que investem em seu desenvolvimento pessoal e emocional tendem a ser mais adaptáveis e resilientes, qualidades essenciais para navegar pelas complexidades do mundo corporativo atual. É o efeito dominó para os bons resultados. Uma liderança consciente de si lida melhor com a diversidade e com as adversidades. Os benefícios são:
- Melhor engajamento;
- Retenção de talentos;
- Clima organizacional positivo;
- Resiliência em crises;
- Reputação da marca fortalecida;
- Melhor desempenho financeiro.
Implementando o autoconhecimento com o MBTI®
Ferramentas como o Myers-Briggs Type Indicator (MBTI®) são altamente eficazes como base para trilhas de desenvolvimento para as lideranças. O MBTI® ajuda proporcionar insights eficientes sobre como líderes interagem com suas equipes e como elas podem ajustar seu estilo de liderança para melhorar a comunicação e a colaboração.
Por aqui o MBTI® é apenas uma das ferramentas utilizadas para o crescimento da liderança, são inúmeras as possibilidades de personalização desta jornada de autoconhecimento e aprendizagem corporativa.
O importante é compreender que investir no autoconhecimento é um investimento no sucesso e na sustentabilidade da liderança eficaz.
Abrace a jornada do autoconhecimento e descubra como você pode transformar não apenas a si mesma (o), mas também impactar a sua equipe e a sua organização.
Junte-se a esta revolução.