Setembro costuma ser um mês em que as discussões sobre saúde mental ganham mais visibilidade, especialmente por conta da campanha Setembro Amarelo. Mas se nos limitarmos a ações pontuais, corremos o risco de reduzir um tema urgente e cotidiano a uma mera sazonalidade.
No artigo anterior da Juntxs, “Todo mundo tem burnout? Setembro Amarelo e a armadilha da meritocracia da exaustão”, refletimos sobre como o esgotamento coletivo vem sendo naturalizado nas organizações e como a exaustão passou a ser confundida com engajamento.
Agora, propomos avançarmos um passo: se sabemos que a cultura da sobrecarga não sustenta o futuro das empresas, o que pode sustentar?
A resposta está em criar um ambiente organizacional seguro, onde as pessoas tenham espaço para falar, discordar, pedir ajuda, experimentar e aprender. É disso que trata a segurança psicológica, um conceito que tornou-se ferramenta prática para transformar equipes e prevenir adoecimento.
O que é Segurança Psicológica (e o que não é)
O termo foi criado pela pesquisadora Amy C. Edmondson, no livro A Organização sem Medo: Criando Segurança Psicológica no Local de Trabalho para Aprendizado, Inovação e Crescimento. Ela a define como um clima no qual as pessoas se sentem confortáveis para se expressar e ser quem realmente são.
Quando as pessoas têm segurança psicológica no trabalho, elas se sentem bem ao compartilhar preocupações e erros sem medo de constrangimento ou retaliação.
Esse clima de segurança psicológica no trabalho se sustenta em quatro dimensões práticas:

- Segurança em se expressar: Espaço para expressar suas ideias de forma aberta, expor problemas e buscar soluções, questionando o status quo sem receio de retaliação.
- Segurança em interagir: Abertura para gerar interações satisfatórias e diálogos abertos, bem como ter uma interação na qual as pessoas se sintam seguras para dar e receber feedback.
- Segurança para aprender: Espaço aberto de aprendizado no qual as pessoas possam assumir riscos, testando suas ideias e aprendendo com seus erros sem receio de críticas.
- Segurança em pertencer: Sentimento de apoio e valorização, permitindo que as pessoas se sintam parte do grupo e dos objetivos coletivos.
“Muitas vezes, o que mais adoece não é a rotina ou as metas, mas o silêncio imposto nas relações corporativas. Quando não existe espaço seguro para discordar, pedir ajuda ou dizer ‘não sei’, o medo de se expressar se torna maior que os próprios desafios do trabalho.”
— Darwin Grein
É importante sublinhar: segurança psicológica não é ausência de conflitos ou garantia de harmonia permanente. É justamente o oposto de um ambiente em que se “varre para debaixo do tapete” tudo o que é delicado.
Por que segurança psicológica é vital para saúde mental e resultados
Em ambientes onde prevalece o silêncio, o custo não é apenas emocional. A ausência de segurança psicológica mina a criatividade, atrasa a solução de problemas e alimenta a exaustão.
Nas palavras de Darwin Grein, fundador e facilitador da Juntxs, a saúde mental no trabalho “não depende apenas da carga de tarefas ou das metas, mas do espaço que as pessoas têm para se expressar com sinceridade e confiança”.
Portanto, promover saúde mental no trabalho não se limita a combater o burnout ou reduzir o cansaço. Muitas vezes, o que adoece é o silêncio: quando a maior energia da equipe é gasta em se proteger, e não em colaborar.
Da zona de ansiedade à zona de aprendizagem
A literatura sobre o tema mostra que segurança psicológica e exigência não são forças opostas, mas complementares. A partir dessa interação, surgem quatro cenários possíveis:

- Zona de apatia: baixa segurança psicológica e baixa exigência → equipes desmotivadas, em piloto automático.
- Zona de acomodação: alta segurança psicológica e baixa exigência → conforto que inibe desafios.
- Zona de ansiedade: alta exigência e baixa segurança psicológica → medo constante, risco de burnout.
- Zona de aprendizagem: alta exigência e alta segurança → inovação, engajamento e resultados consistentes.
É nessa última zona que a segurança psicológica no trabalho sustenta as chamadas equipes de alta performance: aquelas que não apenas entregam metas, mas o fazem com menos desgaste, mais colaboração e maior capacidade de adaptação.
Como transformar discurso em prática
Falar sobre segurança psicológica é fundamental, mas não suficiente. O desafio das empresas está em traduzir esse conceito em práticas cotidianas.
As experiências da Juntxs em facilitação de equipes mostram que a transformação acontece em duas frentes: nos rituais coletivos e na linguagem que circula no grupo.
Rituais que sustentam a confiança
Pequenos gestos recorrentes de segurança psicológica no trabalho podem mudar a dinâmica de uma equipe: check-ins de clima no início das reuniões, retrospectivas sem culpabilização e práticas que valorizam o aprendizado a partir de falhas.
Em alguns contextos corporativos, isso é chamado de error demo, momentos em que erros recentes são compartilhados coletivamente, não para expor culpados, mas para extrair aprendizados.
Nos treinamentos da Juntxs, essa perspectiva pode aparecer na prática de uma “competição de erros”, na qual rir dos próprios equívocos é sinal de maturidade e abertura. Seja qual for o formato, o objetivo é o mesmo: transformar erros em fonte de confiança e evolução contínua.
Linguagem que abre espaço
Mais do que ferramentas, a cultura se revela no jeito de se comunicar. Lideranças e pares podem reforçar a segurança psicológica com frases que convidam à colaboração, ao reconhecimento da vulnerabilidade e ao pedido de ajuda.
Para ilustrar, a própria Amy Edmondson traz exemplos de como lideranças podem expressar verbalmente a segurança psicológica. São frases simples, mas capazes de abrir espaço real para participação e confiança:
EXPRESSANDO SEGURANÇA PSICOLÓGICA | LIDERANÇAS
“Este é um território totalmente novo para nós, então vou precisar da opinião de todos.”
“Existem muitas incógnitas/coisas estão mudando rapidamente/são coisas complexas. Portanto, cometeremos erros.”
“Ok, esse é um lado. Vamos ouvir quem mais tem algo a acrescentar.”
“Que suposições estamos fazendo? O que mais isso poderia ser/poderíamos investigar/deixamos de fora?”
“O que você está enfrentando? Que ajuda você precisa? O que está em seu caminho?”
“Eu realmente aprecio você trazer isso para mim. Tenho certeza de que não foi fácil.”
Conflito como motor, não como ameaça
Em muitas organizações, o conflito ainda é visto como sinal de fragilidade. Mas o que realmente fragiliza uma equipe é a ausência dele. Patrick Lencioni, no modelo das cinco disfunções, mostra como a falta de confiança gera medo do conflito, e sem confronto honesto de ideias não há comprometimento, responsabilidade ou resultados sólidos.
Esse raciocínio é aprofundado no artigo da Juntxs sobre preparação de equipes de alta performance, onde discutimos como equipes coesas aprendem a transformar divergências em energia criativa.
E, como reforça Darwin Grein, fundador da Juntxs, o desafio não é eliminar conflitos, mas criar condições para que eles aconteçam de forma aberta e produtiva:

“Outro aspecto da segurança em interagir tem a ver com a possibilidade de a gente conflitar de maneira produtiva dentro da equipe. Quando há um conflito, você sente que ele é colocado na mesa e tratado de maneira aberta ou prefere evitar o tema por medo da reação?”
— Darwin Grein
Como medir a segurança psicológica
Segurança psicológica não se revela apenas em números, mas nos comportamentos do dia a dia: quem participa das reuniões, quantas ideias são testadas, como circulam os feedbacks. Esses sinais de segurança psicológica no trabalho são importantes porque apontam tendências e ajudam a abrir conversas honestas.
Ferramentas simples de autoavaliação podem servir como termômetro inicial, mas não substituem um processo estruturado. Para transformar percepções em estratégias consistentes, é essencial contar com metodologias que aprofundem o diagnóstico e gerem planos de ação contínuos. É o que a Juntxs desenvolve em suas vivências com equipes e lideranças.
E assim, esses sinais de segurança psicológica não são apenas indicadores de clima: também funcionam como barreiras de proteção contra o adoecimento. Quando equipes têm espaço para falar, pedir ajuda e compartilhar erros, o risco de burnout diminui e o desempenho se torna sustentável.
Como potencializar sem burocracia: Team building como acelerador
A segurança psicológica no trabalho é construída no cotidiano, mas pode ser acelerada com práticas de Team Building. Essas vivências criam espaço para exercitar vulnerabilidade, treinar conflitos produtivos e consolidar acordos de confiança.
É por isso que empresas que querem de fato transformar cultura têm buscado a Juntxs. Nossas experiências mostram que quando o cuidado deixa de ser discurso e se torna prática coletiva, os resultados vêm acompanhados de pertencimento e saúde mental.
Segurança psicológica como estratégia de futuro
Segurança psicológica no trabalho não é moda nem ação sazonal. É alicerce estratégico para o presente e o futuro das organizações.
Ao lado do combate à meritocracia da exaustão, ela oferece uma saída concreta: equipes que falam, aprendem, interagem e pertencem. Ao se sentirem seguras, essas equipes performam de maneira mais sustentável.
A pergunta que fica é: sua organização espera o silêncio custar caro ou escolhe construir confiança como cultura?
Fale com a Juntxs
Se sua empresa deseja fortalecer segurança psicológica e preparar equipes para aprender, inovar e performar com consistência, a Juntxs é a parceira certa.
Do Team Building às Trilhas de Desenvolvimento de Lideranças, oferecemos vivências e soluções que transformam confiança em cultura organizacional.
👉juntxs.com.br/ 📲 (11) 93033-9747 | ✉ vamos@juntxs.com.br
FAQ – Perguntas frequentes sobre segurança psicológica no trabalho
1. O que significa segurança psicológica no ambiente de trabalho?
Segurança psicológica é a percepção coletiva de que a equipe é um espaço seguro para pedir ajuda, discordar de uma ideia ou admitir erros, sem medo de punição ou retaliação.
2. Quais os benefícios da segurança psicológica para empresas e equipes?
Ela aumenta inovação, engajamento e colaboração, reduz riscos de burnout e cria condições para resultados sustentáveis.
3. Como aplicar segurança psicológica no dia a dia da equipe?
Com rituais simples e consistentes, como check-ins de clima, retrospectivas sem culpabilização e abertura para feedbacks bidirecionais. O importante é que sejam práticas contínuas.
4. Como medir se existe segurança psicológica em uma equipe?
Observe sinais como participação em reuniões, número de ideias testadas e circulação de feedbacks. Esses indicadores funcionam como termômetro inicial do clima da equipe.
5. Qual a relação entre segurança psicológica e saúde mental no trabalho?
Ambientes inseguros aumentam ansiedade e risco de burnout. Já equipes com segurança psicológica criam confiança para pedir ajuda e compartilhar vulnerabilidades, protegendo a saúde mental.